Natureza - Revista Minha 2019
O sossego da montanha não fazia prever a adrenalina que as poucas cordas podem trazer a quem pratica canyoning. Fato de banho e uma toalha são as ordens até chegar à base de operações, o Peneda-Gerês Adventure Center.
“Então onde estão as canoas?”. A resposta foi dada no briefing que a empresa “Tobogã” faz antes de qualquer atividade. O guia, Pedro Pinto, confessou que esta era uma questão frequente de quem se inscreve na atividade. O canyoning não tem canoas. É uma atividade que inclui descidas de rios de montanha, onde se ultrapassam cascatas com diferentes manobras como rapel, rapel guiado, slide e saltos para a água. Existem também os escorregas naturais, os tobogãs, que dão o nome à empresa. O equipamento engloba o fato de neoprene, botas apropriadas para a atividade e capacete de proteção. Cada participante leva ainda à cinta todo o material necessário para as descidas com cordas. Não há telemóveis nem GPS.
O dia previa-se quente, mas a água fazia tremer até os mais aventureiros. O guia dita o caminho, Ribeira da Carcerelha. Parecia saber de cor a direção que as pedras e o rio lhe indicavam. E sabia mesmo.
Pouco tempo depois da partida chega a primeira descida com cordas. “Fácil”, disse o Pedro. Os joelhos já se faziam tremer e não havia forma de fazer “batota”, nem de o doutor google arranjar alternativas.
Respeitando o ritmo, entre subidas e paisagens idílicas surgem as cascatas que dão as boas-vindas à verdadeira adrenalina. “Ou saltas, ou saltas”, disse o Pinto, como é mais conhecido, com um sorriso à espera de aprovação.
Tentando transformar os olhos num detetor, procurando uma ancoragem como alternativa, a solução foi saltar. O último desafio foi um slide sobre uma cascata. Enquanto o guia preparava a descida, o coração disparava e o pensamento desdobra-se nas mil e uma opções de alguma coisa correr mal.
“Está bem preso? Já alguma vez se soltou? “, entre gargalhadas nervosas. A descida fez-se entre gritos e risos abafados pela água na chegada.
Conhecer o Gerês sobre rodas… elétricas
Os passeios de E-Bike prometem combinar a cultura a um lazer ativo. No briefing, o guia Manuel Costa explica o funcionamento da bicicleta elétrica e os vários níveis de ajuda que ela proporciona ao longo do passeio.
O passeio começa no Peneda-Gerês Adventure Center e passa por trilhos, aldeias, capelas e locais históricos da região. Manuel Costa comanda a atividade gesticulando e comunicando, prevendo alguma situação perigosa. Durante o passeio, relata que já viu vários animais, alguns raros de se avistarem. Javalis, corsos, cobras e lobos.
Ainda assim, o guia afirma que é uma atividade segura e que serve para toda a família, onde é fácil adaptar o nível de dificuldade.
O passeio obrigou a paragens, não por cansaço ou pela falta de prática, mas pelas paisagens à beira rio de fazer suster a respiração de quem lá passa. Ao pedalar pelas aldeias, entre acenos e “boas tardes” a população local mostrava o hábito de ver passar as bicicletas. O guia, também sócio da empresa Tobogã, explicou que a atividade E-Bike é um serviço “relativamente recente”. “Fazemos vários percursos. O percurso normal tem a duração de um dia, com níveis diferentes de dificuldade, desde o fácil ao mais difícil”, explicou. O responsável conta que há um café, onde vão frequentemente, que até já sofreu obras para conseguir servir todos os grupos de turistas que passeiam pela zona.
Com as bicicletas elétricas é possível fazer a travessia da Serra Amarela, do Parque Nacional Peneda-Gerês e os Caminhos de Santiago de Compostela, que se iniciam normalmente em Valença. “Há quem queira começar no Porto ou em Braga”, referiu o guia.
Aliar a natureza ao desporto é a nova aposta do Alto Minho. A água é a protagonista do novo projeto “Blue Ways”, que pretende mostrar as potencialidades do território através do desporto náutico.
O presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Augusto Marinho, explica que esta atividade está alinhada com aquela que é a estratégia do Município.
“Queremos aproveitar os nossos recursos naturais. O nosso território está mais de 50% inserido no Parque Nacional Peneda-Gerês. Temos um território que é Reserva Mundial da Biosfera, cheio de tradições, com muita cultura e urge criar uma estratégia centrada na água. O turista que nós temos de cativar é aquele que quer ser bem servido, que quer usufruir do território e de práticas profissionais e em segurança”, afirmou Augusto Marinho.
Artigo escrito por Ana Marques Pinheiro para a Revista Minha Julho 2019